Nomear a mentira: a estratégia do jornalismo para resgatar seu locus de verdade em meio ao cenário de desinformação e plataformização

Adriana Barsotti, Leonel Aguiar

Resumo


Em meio a um cenário de desinformação, a hipótese deste artigo é que o jornalismo está tentando resgatar seu locus de emanar verdades, consolidado na modernidade. Uma das questões centrais do ethos profissional encontra-se agora ameaçado frente à plataformização, com a distribuição algorítmica de notícias, e a mentira intencional disseminada por autoridades no Brasil. Para verificar tal hipótese, utilizamos a análise de conteúdo como metodologia para comparar a cobertura da imprensa em dois momentos emblemáticos do governo Bolsonaro durante a pandemia: o discurso do presidente na Assembleia Geral da ONU, em 2020, e seu pronunciamento em março de 2021, em cadeia nacional de rádio e TV. Foram analisadas reportagens e manchetes dos três jornais de referência e das duas maiores agências de checagem do país. Os resultados indicam que a imprensa passou a incorporar em seu vocabulário a palavra “mentira” a partir de 2021 para reforçar seu papel de instituição credível.  


Palavras-chave


mentira; locus de verdade; ethos profissional; credibilidade; desinformação

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