A legibilidade histórica das imagens como uma lição de humanidade: notas sobre Falkenau, Vision de l’Impossible

Ricardo Lessa Filho

Resumo


Em maio de 1945, o então cabo do Exército norte-americano Samuel Fuller, seguindo uma ordem de seu capitão K. Richmond, empunha pela primeira vez sua câmera de 16mm para registrar, ainda que precariamente, a abertura do campo nazista de Falkenau. Ao cumprir essa ordem, ou seja, filmar os nazistas, derrotados, Fuller apenas soube como responder seguindo outra ordem: oferecer uma sepultura aos mortos. Assim, o ensaio pensará Falkenau, Vision de l’Impossible (Emil Weiss, 1988) a partir de um regime de visibilidade, a fim de compreender seu caráter particular de dispositivo fílmico, que é também seu caráter primevo de registro histórico. Mas como retornar ao tempo dessa filmagem de arquivo? Como interrogar uma experiência dessa ordem sem esquecer a força política fundamental e dignificante dessas imagens? Como compreender a legibilidade histórica das imagens ali onde elas emergem à luz para nos mostrar, modestamente, uma lição de humanidade? Estas perguntas guiarão nossa tentativa de pensar as imagens do filme.


Palavras-chave


imagens; legibilidade histórica; lição de humanidade; Fuller; Falkenau

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